segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Procrastinado


Em meio a um tema singular em pauta, O LUXO, pessoas discursavam sobre seus desejos, a posse, de um celular ou um carro, poderia ser uma casa na praia ou uma roupa de grife; já em outro patamar, alguns tinham anseios de novas experiências, uma faculdade, um curso ou uma viajem, para os mais esclarecidos, os que já alcançaram certo sucesso, o luxo era o silêncio, em alguma situação de se permitir sentir a vida encontrando assim um pouco de paz. Fiquei então pensando, qual seria o meu luxo, um bem que desejo, os lugares que anseio conhecer, um tempo e espaço só meu? "Somente buscamos o prazer quando sua ausência nos causa sofrimento." (Epicuro 341 - 270 a.c.) Por mais altruista ou hipócrita que possa parecer, meu prazer mais escasso, o item de luxo é a justiça. Que só atente aos que podem pagar por ela.
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Satisfeitos os anseios de vislumbre das luxúrias, novo tema foi proposto, estava em pauta a seguinte pergunta: Qual o grande mal que nos assola? Uns assossiavam a crueldade com a mesquinharia, a outros o culto da futilidade e ignorância, propuseram o desrespeito individual, mas então, não sei como nunca havia percebido, aquele que vislumbrei como o mais sórdido dentre os outros, a complacência. A fonte geradora, a permissividade vil a todas as barbáries que nos cercam, permanecer passivo ante as maiores crueldades e injustiças. Assimilamos. Descartamos. Esquecemos então as inúmeras agressões que recebemos todos os dias, elas estão nas grades das minhas janelas, na angústia do semáforo fechado, no amargo do político corrupto perdoado, esta no culto ao jeitinho de ser mais esperto. O Estado moderno nos imergiu no universo de Kafka, onde a dificuldade na burocracia se perde na preguiça de uma concretude, tornando o nosso mundo num fantasmagórico "ser porque assim o é" nos assombrando sem que nada lógico o justifique, a não ser a nossa própria perfídia, a imunda complacência.

Um comentário:

Mara Toledo disse...

Eu só posso concordar com o filósofo Montaigne quando diz: "Penso que há entre nós mais vaidade que infelicidade, mais tolice do que malícia, mais vazio do que maldade, mais vileza que miséria".


Beijo!!!