segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Mitomania


Eu fui traido! Senti a laceração do ser ante a impotência dos fatos pretéritos. Como é efêmera a concretude da relação tida como plena e idealizada a um amor maior. Mundo inteiro se desaba. Pode o perdão ser matéria prima da argamassa de um novo alicerce? Posso continuar estatelado no chão?
.
Eu trai! Fui seduzido a uma força maior; endógina; desfiz do que me era precioso pelo vislumbre da luxúria, vítima de mim, seja pela culpa, seja pela pena, somatória das lástimas com as conseqüências. No flagrante não existe desculpa, qualquer palavra terna que amenize o ato ou afague a contraparte.
.
Hoje, análoga à porcelana quebrada cujas peças coladas não constituem o que fui, me refaço, me reciclo, destes cacos algo novo, coisa assim que não seja mais, tão delicada. O fogo trocado é o mito da vaidade ferida; arruinar novamente o que foi arruinado é o desapreço de aquilo que se teve.
.
Perdoei, fui perdoado, não posso me separar de mim. Já inspiro, outro passo, dou a mão...

A independência de mim.




Existia uma culpa implícita que mortificava constantemente, nada racional e não importava o que argumentar, apenas se sentia. Era a culpa do que não foi feito, culpa de uma inépcia implícita em olhares, nos tom de vozes, resultava de esforços ineficiêntes.
.
Cansei, me rebelei, a verdade da maioria não convenceu, a unanidade é burra, não pode existir depressão na incapacidade de conversar com uma entidade dentro de minha cabeça e que supostamente controla o mundo a minha volta , mas nunca me responde.
.
Minha moral não emana de mitologia, decorre de uma construção social pautada na racionalização de valores, é íntima, própria, não pode ser controlada sob pretexto de estruturas sociais. Minha valoração é fruto das interações e decorrem de um processo intelectual, por isso causa de orgulho, é também inacabada e sempre reconstruida, orientada por uma lógica humanista sendo que esta característica é sua grande beleza, pois pode ser qüestionada e melhorada, sua lógica remete ao próprio ser em busca de ser melhor, e nunca um produto acabado.
.
Independência! A culpa e o mérito é só do homem e apenas a ele e seu meio cabem as conseqüências, portanto apenas o próprio pode estabelecer seus limites.